27
jul-2015

A importância dos ecossistemas e da biodiversidade

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O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) vem fazendo uma série de cinco levantamentos para chamar a atenção a respeito dos benefícios econômicos globais da biodiversidade e somar forças em favor de ações concretas.

Os ecossistemas e a diversidade biológica representam a riqueza natural do planeta e provêem a base para a subsistência e a prosperidade da espécie humana. No entanto, estão desaparecendo numa velocidade impressionante, por ação do próprio ser humano. Estamos destruindo os recursos de que precisamos para continuar vivendo neste planeta e nem ao menos chegamos a conhecer todo o potencial que eles contêm.

O objetivo da Conferência das Partes em Nagoya, no Japão, este ano, é reduzir drasticamente essa destruição, num curto período de tempo. Trata-se de um objetivo ambicioso que só será atingido com o engajamento de toda a sociedade, dos governos e também das empresas, em âmbito nacional e internacional.

Para chamar a atenção a respeito dos benefícios econômicos globais da biodiversidade e somar forças em favor de ações concretas, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) vem fazendo uma série de cinco levantamentos para, justamente, medir o papel dos ecossistemas e da biodiversidade na economia. Denominada The Economics of Ecosystems and Biodiversity (Teeb – A Economia de Ecossistemas e Biodiversidade), a série é dirigida a cinco públicos de interesse: economistas e ecologistas (Teeb 0); formuladores de políticas públicas, nacionais e internacionais (Teeb 1); desenvolvimento local e regional (Teeb2); negócios (Teeb 3); e cidadãos (Teeb 4).

O estudo, na verdade, foi encomendado pelo chamado G8 + 5, grupo que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido, Rússia e mais cinco das principais nações emergentes: África do Sul, Brasil, China, Índia e México. O relatório vem sendo realizado por 140 especialistas de 40 países, com apoio financeiro da Comissão Européia, da Holanda, da Grã Bretanha, da Noruega, da Alemanha e da Suécia. A coordenação geral da iniciativa é do economista indiano Pavan Sukhdev.

Além de trazer casos exemplares de regiões que lucraram com o uso responsável dos recursos naturais, o relatório destaca decisões políticas que alteraram a degradação ambiental e que contaram com a participação das comunidades.

Teeb no Brasil

A íntegra dos cinco estudos só será apresentada na Conferência de Nagoya, mas relatórios setoriais estão sendo divulgados em eventos que ocorrem em vários países.

Nos dias 9 e 10 de setembro, por exemplo, realizou-se em Curitiba (PR) um seminário internacional sobre o valor da natureza para o desenvolvimento local, em que foram apresentados os resultados do Teeb para a América do Sul, mostrando o continente como superpotência da biodiversidade, principalmente o Brasil, pois a maior ocorrência de biodiversidade e de ecossistemas diversificados está em nosso território.

Pela pesquisa apresentada, o Brasil tem um dos maiores índices de área protegida do planeta, mas um dos menores investimentos por hectare, entre os países pesquisados. Nosso país investe pouco mais de US$ 300 milhões para manter quase 75 milhões de hectares de áreas de proteção e conservação, o que dá a média de 4 dólares por hectare. A Argentina investe 7 dólares por hectare; a Costa Rica, 18 dólares; o México, 20 dólares; a África do Sul, 34 dólares; e os Estados Unidos (o país que mais investe), 78 dólares por hectare.

A manutenção dos serviços da natureza que permitem a permanência dessas populações em seus locais de origem também garante a continuidade de muitos negócios. O Teeb calcula que o mercado farmacêutico, que movimenta algo em torno de US$ 640 bilhões por ano, depende em até 50% dos recursos genéticos da biodiversidade. O carbono retido pelas florestas mantidas representa uma economia de quase US$ 4 trilhões por ano em ações de mitigação. É preciso encontrar maneiras de transformar essa riqueza em renda para a população.

O Teeb também lista o valor de alguns potenciais negócios que a biodiversidade e os chamados “serviços da natureza” podem abrir. Os produtos orgânicos, que em 2008 representavam US$ 40 bilhões por ano (ou 2,5% de todo o mercado de alimentação e bebida), podem chegar a US$ 220 bilhões em 2020 e a US$ 900 bilhões em 2050. Contratos de pesquisas sobre usos sustentáveis variados da biodiversidade, que, em 2008, somaram US$ 30 milhões, podem ir a US$ 100 milhões em 2020 e a US$ 500 milhões em 2050.

Movimento empresarial pela biodiversidade

Tais números demonstram que as empresas não só têm a lucrar muito com a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade como são indutoras imprescindíveis para a valorização desses recursos, transformando-os em negócios sustentáveis. Por isso, elas precisam estar integradas não só nos debates como também nas ações pela preservação.

Nesse sentido, as empresas Alcoa, CPFL, Natura, Phillips, Vale e Walmart, com apoio do Instituto Ethos e de várias entidades, criaram no Brasil o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, que vai lançar, no próximo dia 23 de setembro, uma carta em que essas organizações se comprometem a adotar ações para conservação e uso sustentável da biodiversidade e levar ao governo propostas com o mesmo objetivo. No dia 9 de setembro, foi realizado um Wikidebate (debate virtual) destinado a recolher sugestões dos internautas para aprimorar o conteúdo da carta.

A iniciativa comprova que, ao menos em nosso país, a importância econômica dos ecossistemas já entrou na pauta das empresas. Elas perceberam que não investir agora no cuidado e na preservação desses recursos representará prejuízo certo num futuro bem próximo.

A sociedade e os governos também precisam entrar nessa mobilização. Aliás, ainda dá tempo de transformar temas como biodiversidade, ecossistemas, clima e outros em assuntos centrais da campanha eleitoral. Sustentabilidade não é só natureza preservada. É também, e principalmente, qualidade de vida.

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